Tocando Agora: ...
Publicidade

NÚMEROS ALARMANTES: Gestação precoce ameaça futuro de meninas em Roraima, alerta ALE-RR

Publicada em: 06/06/2025 21:04 - Política

Estado ultrapassa meta da ONU em mais de 4 vezes e lidera ranking, com mais de 2,6 mil adolescentes grávidas; Comissão da Saúde articula resposta à crise silenciosa / Foto: Eduardo Andrade /

O presidente da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o deputado Dr. Claudio Cirurgião (Uniãose reuniu nesta sexta-feira (6com profissionais da área da saúde para discutir e traçar estratégias voltadas à redução dos altos índices de gravidez na adolescência no estado. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), Roraima está entre os estados com maior número de casos.

O parlamentar reforçou a urgência de mudar essa realidade. Ele é autor de um projeto de lei que propõe políticas públicas de prevenção à gravidez precoce. O texto ainda está em construção e aberto à colaboração de entidades da área, que podem sugerir alterações.

“A gestação precoce aumenta os riscos de morte materna, de doenças como diabetes e pré-eclâmpsia e compromete o futuro das adolescentes, impedindo que estudem ou ingressem no mercado de trabalho. Essa realidade precisa mudar”, afirmou.

Caminhos para a mudança

Durante a reunião, foram apresentadas propostas implementadas com sucesso em outros estados e países. A intenção é que as ideias debatidas sejam incorporadas ao orçamento estadual por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDOe da Lei Orçamentária Anual (LOAde 2026.

“Ouvimos todas as demandas para, com base nelas, construir o orçamento do próximo ano. A meta é reduzir ao máximo os casos de gravidez na adolescência, que somaram mais de 2,6 mil registros nos últimos anos em Roraima”, frisou o deputado.

Realidade alarmante

A reunião foi provocada pela médica ginecologista e obstetra Luciana Arcoverde, professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ela alertou para o fato de que a mortalidade materna infantojuvenil no estado se aproxima da registrada na África Subsaariana – região do continente africano composta por 47 países, com altos índices de mortalidade infantil, analfabetismo e baixa expectativa de vida. 

Segundo a especialista, uma em cada quatro adolescentes com menos de 14 anos está entre os casos.

“Precisamos de uma força-tarefa para revisar as políticas de contracepção voltadas a adolescentes. O acesso à saúde reprodutiva e sexual deve ser ampliado, com foco na prevenção da gravidez não planejada e da mortalidade evitável”, afirmou.

Durante o encontro, a médica ginecologista Ida Peréa Monteiro, de Rondônia, apresentou um estudo sobre os impactos da gravidez precoce e possíveis soluções, como o uso de contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs), entre eles o DIU de cobre e o Implanon, que têm eficácia entre três e dez anos, sem necessidade de uso diário.

“A reunião foi extremamente produtiva. Saímos com encaminhamentos importantes, e acredito que em breve Roraima deixará de liderar os piores indicadores do país. A iniciativa do deputado Dr. Cláudio foi essencial para mobilizar diferentes setores”, destacou a médica.

Ela lembrou ainda que tanto a gravidez precoce quanto a mortalidade materna são indicadores incluídos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSda ONU para 2030.

“A meta do Brasil é reduzir a mortalidade materna para menos de 30 a cada 100 mil nascidos vivos. Roraima está em 140, mais de quatro vezes esse limite. A gravidez na adolescência também é um indicador de qualidade da assistência, por isso sua redução é fundamental”, finalizou.

A Comissão de Saúde e Saneamento é composta ainda pelos deputados Neto Loureiro (PMB– vice-presidente; Marcelo Cabral (Cidadania), Marcinho Belota (PRTB), Dr. Meton (MDB), Gabriel Picanço (Republicanose Renato Silva (Podemos).

SUZANNE OLIVEIRA

Compartilhe:
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...