Ação continuada sufoca garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami

A interoperabilidade entre os sistemas de Inteligência foi essencial para antecipar ameaças, apoiar operações em áreas remotas e ajustar estratégias / Foto: Comando Conjunto Catrimani II /

Entre os dias 06 e 12 deste mês, o Comando Conjunto Catrimani II, em coordenação com a Casa de Governo do Governo Federal, realizou a Operação Tormenta I. As ações foram concentradas na região conhecida como “Rangel”, escolhida após intenso trabalho de Inteligência que utilizou recursos terrestres, aéreos e satelitais. 
O balanço da operação foi divulgado nesta quinta-feira (17). Após aproximadamente um mês de planejamento, o objetivo principal da operação foi neutralizar a infraestrutura que sustenta o garimpo ilegal naquela região.

Antes do início das atividades, foi desencadeada a concentração estratégica de meios que envolveu o posicionamento coordenado das Forças participantes — Marinha do Brasil (MB), Exército Brasileiro (EB) e Força Aérea Brasileira (FAB) — além de agências e órgãos federais. Essa etapa foi essencial para assegurar que todos os recursos estivessem prontos para as ações em campo.

A Operação Tormenta I contou com a integração das Forças Armadas, Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), Polícia Judiciária da FNSP, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Aeronaves da FAB, do EB e da PRF foram empregadas no transporte logístico e na remoção de detidos. Entre as principais ações realizadas, destaca-se a destruição de pistas de pouso clandestinas utilizadas para o transporte ilícito do garimpo, bem como a apreensão e inutilização de maquinários, combustíveis e materiais empregados na extração ilegal do ouro. 

Combinando operações terrestres, aéreas e fluviais, as missões diurnas e noturnas mantiveram uma presença contínua na área de operações, na Selva Amazônica, resultando no estrangulamento do apoio logístico ao garimpo ilegal e na detenção em flagrante de seis pessoas envolvidas nessa atividade – conduzidas, posteriormente à capital Boa Vista, por agentes da Força Nacional. A estimativa é de que a destruição das infraestruturas clandestinas tenha impactado significativamente as atividades mineradoras proibidas na região, reduzindo as chances de retorno dessas ações.

A interoperabilidade entre os sistemas de Inteligência foi essencial para antecipar ameaças, apoiar operações em áreas remotas e ajustar estratégias conforme as demandas do terreno. O Centro de Coordenação de Operações (CCOP) do Comando Conjunto das Forças Armadas atuou 24 horas por dia para controlar e controlar as atividades. Somado a isso, uma robusta rede de comunicações e o uso do Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (SARP) RQ-900 da FAB permitiram o acompanhamento em tempo real das ações, garantindo decisões ágeis e precisas.

Nos sete dias de operação, foram utilizadas aproximadamente 70 horas de voo, distribuídas entre aeronaves UH-15 Cougar da MB, HM-1 Pantera do EB, além das aeronaves C-98 Caravan, H-60 Black Hawk e H-36 Caracal da FAB, totalizando 79 surtidas, ou seja, 158 decolagens e pousos, a maioria em campos não preparados.

Outro destaque foi o emprego da Engenharia do Exército para interditar pistas clandestinas por meio do uso controlado de explosivos, inviabilizando o transporte aéreo dos garimpeiros e de seus suprimentos.

RESULTADOS INTERAGÊNCIAS

Ao todo, as tropas presentes em campo vasculharam a pé 149 quilômetros de mata fechada, alcançando pontos cruciais para a logística da atividade ilegal do garimpo. Um Posto de Bloqueio e Controle Fluvial (PBC Flu) foi estabelecido na confluência dos rios Catrimani e Couto Magalhães, o que permitiu a realização de patrulhas fluviais em cerca 228 quilômetros de rios e águas interiores, resultando em seis abordagens a embarcações e apreensões de freezers, geradores e baterias. 

Além do sufocamento ao apoio logístico, o trabalho conjunto gerou prejuízos materiais ao garimpo clandestino. Foram inutilizados nove acampamentos, uma balsa, nove motores de garimpo, dois motores de sucção, dois geradores de energia, 400 metros de mangueiras, três motobombas, cinco galões de 50 litros de combustível, cinco freezers e geladeiras, um fogão, duas balanças de precisão, 17 barracas, entre outros materiais.

Assim, a Operação Tormenta I comprovou a importância da integração entre as Forças Armadas, os órgãos de segurança e agências, desde o planejamento, com a troca de informações e o compartilhamento de serviços de Inteligência, até a execução, com a atuação das equipes no terreno. O trabalho conjunto permitiu neutralizar as atividades dos garimpeiros e gerar prejuízos significativos às atividades ilícitas. Dessa forma, a Tormenta I consolida-se como um modelo de atuação integrado, viabilizando futuras ações de permanência e ocupação territorial, o que fortalece a presença do Estado na região e reafirma o compromisso com a proteção ambiental e da Terra Indígena Yanomami.

OPERAÇÃO CATRIMANI II

A Operação Catrimani II é conduzida pelo Comando Conjunto em coordenação com a Casa de Governo. Seu objetivo é combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY). Instituída pela Portaria GM-MD Nº 1.511, de 26 de março de 2024, busca desmantelar estruturas que sustentam a mineração clandestina, proteger o meio ambiente e garantir a segurança das comunidades indígenas. Assim, reafirma o compromisso das autoridades em preservar o território Yanomami, proteger os povos indígenas e combater crimes ambientais que ameaçam uma das maiores reservas naturais do Brasil.

FONTE: PORTAL DEFESANET

Categoria:Polícia

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