VIOLAÇÃO DE DIREITOS: Alunos de colégio militar de Boa Vista são orientados sobre exploração de crianças e adolescentes

Ao longo desta semana, a equipe da ALE-RR esteve no Colégio Estadual Militarizado Carlos Drumond de Andrade, para qualificar alunos e professores / Foto: Alexsandro Carvalho /

Com o aumento de denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes na região, constantemente divulgados pela imprensa local, a Assembleia Legislativa de Roraima segue reforçando as ações do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (PDDHC).

Dessa vez foi o Colégio Estadual Militarizado Carlos Drumond de Andrade que participou do projeto “Educar é Prevenir”, iniciativa que busca alertar sobre todos os tipos de crimes contra crianças e adolescentes, um dos principais públicos-alvo de criminosos. Esta é a 53ª unidade escolar a ser visitada desde o início do projeto.

Ao longo da semana, cerca de 30 líderes e oficiais de sala foram instruídos sobre tipos de crimes, como identificar casos, canais de denúncias e formas de acolhimento. Neste caso, eles atuarão como multiplicadores de informações para os demais colegas.

A programação terminou na tarde desta sexta-feira (6) com uma roda de conversa entre 200 estudantes do ensino médio e representantes de órgãos e entidades como Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Estadual de Educação e Desporto (SEED), Tribunal de Justiça, e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RR), que explicaram o papel de cada um no enfrentamento à violência.

Conforme explicou o coordenador do projeto, Glauber Batista, a iniciativa tem sido bem aceita nas unidades escolares e atua diretamente com as escolas que mais precisam de apoio. As unidades são indicadas pela SEED.

“Alcançamos a 53ª escola, então é um projeto que está fazendo a diferença no meio escolar, principalmente. Passamos uma semana dentro da escola, onde trabalhamos entre capacitações, tanto para os líderes de turma quanto para os professores, para eles terem esse olhar diferenciado, para levar essa denúncia à frente, caso exista alguma situação dentro da escola”, detalhou.

Quem também reforçou a importância da iniciativa foi o gestor do colégio, coronel Sinval Boaes. Para ele, o projeto chega em um momento oportuno e atende a uma demanda urgente nas escolas públicas:

“Essa é uma temática de suma importância. Foi um privilégio recebermos essa abordagem aqui na escola, porque é um tema muito atual e que realmente afeta nossos adolescentes. Podemos dizer que nossa escola está preparada para lidar com casos de abusos ou tentativas de aliciamento”, disse.

Multiplicadores de informação

Entre os alunos que participaram ativamente das atividades, Alyson Sousa, de 17 anos, oficial de turma do 2º ano do ensino médio, destacou o quanto aprendeu durante a semana. Ele acredita que a formação não apenas ajuda os estudantes a se protegerem, mas também a ajudarem outros.

“Eu acho uma boa iniciativa, porque as pessoas podem até conhecer essas situações, mas não sabem como identificar ou como agir. Essas palestras mostram como a gente pode se prevenir, é uma forma de aprender e absorver bastante conhecimento”, completou.

Já a estudante Mariana Lima, de 16 anos, também do 2º ano, ressaltou o quanto o projeto impacta positivamente não só os alunos, mas a sociedade como um todo. Para ela, é fundamental falar abertamente sobre violência nas escolas.

“Esse assunto acontece muito no Brasil e aqui no nosso estado. É superimportante ser abordado nas escolas, e até com os adultos. As palestras ajudam os alunos a se sentirem mais confiantes para falar com as autoridades e até iniciar investigações contra quem faz isso com crianças e adolescentes", concluiu.

‘Educar é Prevenir’

Inserido dentro do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (PDDHC) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o Educar é Prevenir, consiste em fazer uma imersão nas escolas durante cinco dias, promovendo capacitação para professores e líderes de sala.

A ideia é que essas pessoas estejam prontas para auxiliar no enfrentamento ao tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes. Com isso, a comunidade escolar fica ciente do que se configura o crime, como se proteger e denunciar.

Também ocorrem palestras de entidades parceiras que atuam em conjunto com o PDDHC no combate ao tráfico de pessoas.

BRUNA CÁSSIA